terça-feira, 18 de agosto de 2020

[3B - Aula 9 - A Dança Contemporânea - Aula Vídeo (Café Müller)]

 ...galera, continuemos nossa aula...

Hoje, ela é simples, quero apenas que vocês assistam o espetáculo abaixo e façam anotações sobre o que viram, o que chamou atenção, suas impressões, opiniões sobre o trabalho ali apresentado...

Com vocês, PINA BAUSCH em Café Müller.

 

“Café Müller”: Solidão, encontros e desencontros.

Tudo se tornou rotina e já ninguém sabe porque está a usar certos movimentos. Tudo o que sobra é uma estranha espécie de vaidade que se afasta cada vez mais das pessoas. E eu acho que deveríamos estar cada vez mais perto do outro."  Pina Bausch¹.

O espetáculo de dança-teatro Café Müller foi uma realização da coreógrafa, dançarina e diretora da Companhia de Dança-Teatro Wuppertal, Pina Bausch (1940-2009). Teve sua estreia no dia 20 de maio de 1978 na Ópera de Wuppertal, cidade da Alemanha. Três bailarinos e  três bailarinas, entre elas a própria Bausch, integram a coreografia que acontece numa espécie de café com mesas e cadeiras vazias espalhadas. Projetado pelo cenógrafo e figurinista Rolf Borzik, o espaço remete a uma cantina de um hospital psiquiátrico. A música de Henry Purcell, que sai de alto-falantes, toma conta do espaço.

Conheci o registro audiovisual da obra em 2001 quando ainda era aluno da graduação do curso de direção teatral da UFBA, a partir da experiência das aulas na Escola de Dança. Ainda me recordo das impressões suscitadas: um misto de inquietação, impulso pelo desejo de criar a partir do movimento, identificação e estranhamento. Eu fui fisgado pela estética intensa e catártica do espetáculo e posteriormente por outras obras da coreógrafa alemã. Certamente foi um momento tocante que me inspirou, me estimulou e passou a fazer parte da minha formação enquanto artista.

 Em cena, o pequeno grupo de dançarinos nos instiga a observar movimentos intermitentes e repetitivos, ora bruscos e violentos, ora apáticos, enquanto uma mulher que pode ser uma visitante, corre ruidosamente com sapatos de salto alto. Há uma excitação emanada da energia contida dos corpos, a utilização primorosa do espaço, o uso de sobreposição cinematográfica e fluxo de imagens. A interação entre dançarinos e dançarinas nos convida a refletir sobre rotina, encontros e desencontros, a escassez do contato profundo e o medo da solidão.

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Por hoje é só pessoal...
Bjo no coração...
[rafa.]

PS: Próxima aula daremos continuidade ao assunto !

 

[9B - Aula 7 - Imagem e Movimento - Cinema]

 ...e ae pessoas...bora dar continuidade a nossos trabalhos...enfim, falamos, de fotografia, ilusão de óptica, agora, juntamos tudo e falar de imagem e movimento...

O CINEMA COMO ARTE...

A palavra cinema é uma abreviação de cinematografia, palavra que deriva do francês: cinématographe. Resulta da junção de duas palavras gregas: kínema, que significa movimento, e gráphein, que quer dizer desenho. O cinema é, sem sombra de dúvida, uma forma de comunicação moderna, cuja principal característica é reproduzir a imagem em movimento.

O filme dos Irmãos Lumière - A chegada de um trem à estação - foi apresentado, pela primeira vez em 1895. Você sabia que o público saiu correndo assustado com aquela locomotiva "de verdade" que parecia sair da tela, projetando-se sobre eles?
 
 
 
Em 1895, quando os Irmãos Lumière colocaram sua câmera na porta de uma fábrica e filmaram alguns trabalhadores saindo do trabalho, criaram a primeira película da história da arte cinematográfica. Seu Seu objetivo foi reproduzir um aspecto do cotidiano e esse objetivo foi alcançado. Os jornais da época falaram do seu invento como " a máquina de recriar a vida" e todos ficaram fascinados pela possibilidade de se prender um fragmento da realidade através de imagens em movimento.
 
Os primeiros filmes reproduziram cenas do cotidiano que aos poucos perderam o interesse, pois não contavam uma história, não exigiam dos espectadores nenhuma imaginação. Os Irmãos Lumière deram origem aos primeiros documentários e aos noticiários, mas, cinema, como um espetáculo ou que seguisse o modelo do teatro, só foi possível com George Méliès que, além de filmar documentários atuais, criou as primeiras películas com a "incrível" duração de 15 minutos!
 
Miélès recriou no cinema personagens históricos, por exemplo, Joana D'Arc; personagens de romances como Robinson Crusoé e Gulliver. Ainda produziu histórias fantásticas como Viagem a Lua e Viagem impossível. Para esses filmes utilizou maquetes e diferentes truques visuais.
 
Mas além de um incrível entretenimento, o cinema se converteu em um grande negócio. Os americanos se interessaram pelo invento europeu, e transformaram-no em uma verdadeira fábrica de ilusão. O cinema tornou-se, no início do século XX, um excelente refúgio da triste realidade. Afinal, ao menos por um tempo, enquanto durasse a projeção e na escuridão da sala, todos os problemas cotidianos e as dificuldades poderiam ser esquecidos. O cinema transformou-se em um espetáculo muito popular além de um negócio muito lucrativo. Empresários fundaram algumas companhias de cinema conhecidas até hoje: a Universal, a Paramount, a Warner, a Fox, a Metro que começaram a se instalar, em Hollywood, a partir de 1907.
 
Vamos curtir um pouquinho de cinema ?
 
 
Le Voyage dans la lune (no Brasil, Viagem à Lua e em Portugal, A Viagem à Lua) é um filme francês do ano de 1902. 
 
Foi baseado em dois romances populares de seu tempo: Da Terra à Lua, de Julio Verne, e Os Primeiros Homens na Lua, de H. G. Wells. Tinha em seu elenco Victor André, Bleuette Bernon, Brunnet, Jeanne d'Alcy e Henri Delannoy. 
 
O filme teve roteiro e direção de Georges Méliès, com assistência de seu irmão Gaston Méliès. Foi extremamente popular em sua época e o mais conhecido das centenas de produções de Méliès. Foi, provavelmente, o primeiro filme de ficção científica e o primeiro a tratar de seres alienígenas, e usou recursos inovadores de animação e efeitos especiais, incluindo a famosa cena da nave pousando no olho do "Homem da lua". 
 
O filme do diretor Martin Scorsese, A invenção de Hugo Cabret, faz menção a esse filme. O ultimo episódio da minissérie produzida por Tom Hanks, Ron Howard, Brian Grazer e Michael Bostick, From the Earth to the Moon mostra cenas desse filme e de como possivelmente foi sua produção. 
 
O videoclipe da musica Tonight, Tonight da banda The Smashing Pumpkins é baseado no filme. Foi escolhido um dos cem melhores filmes do século XX no ranking da The Village Voice, ocupando a posição de número 84. É o filme mais velho presente na lista do livro "1001 filmes para ver antes de morrer", de Steven Jay Schneider.
 
Hoje possui domínio público, pois seus direitos autorais já expiraram. 
No Internet Archive esta disponibilizada uma cópia para download sob a licença "Creative Commons license: Public Domain. 

ATIVIDADES:

1 - Você imaginava, tendo o cinema tão presente em sua vida, que há pouco tempo isso nem se passava pela cabeça das pessoas?
 
2 - Como você imagina um mundo sem cinema? 

3 - Após assistir o filme "Viagem a Lua", quais foram suas impressões? Faça um pequeno texto, com sua crítica, pontos altos, baixos...

ENTREGA PARA DIA 01/09/2020
 
Por hoje é só pessoal...
Bjo pro'cês...
[rafa.]

[2A - Aula 8 - Arte Contemporânea - Parte II]

 ...bora seguir na contemporaneidade pessoas !

Movimentos da Arte contemporânea

Os movimentos artísticos dentro da arte contemporânea são diversos e muitas vezes seus limites são difusos, mesclando-se uns aos outros.

Contudo, listamos alguns deles e podemos defini-los da seguinte maneira:

[ Arte Conceitual ]

Cildo Meireles. Inserções em circuitos ideológicos: projeto célula. Selo de goma sobre nota de 1 cruzeiro. (1975)
 

Nesse tipo de arte, a valorização é pela ideia - o conceito - em detrimento da forma final. Aqui, busca-se criar questionamentos por meio da arte, sugerindo uma atitude mental. A primeira vez que o termo foi utilizado foi dentro do Grupo Fluxus, nos anos 60.

Obra Ceiling Painting, de Yoko Ono - do Grupo Fluxus, exposta em 1966 em Londres (Inglaterra)
 

Sobre essa corrente, o artista Sol LeWitt (1928-2007) disse:

"A própria ideia, mesmo se não é tornada visual, é uma obra de arte tanto quanto qualquer produto."


Podemos listar como as principais características da arte conceitual:

  • Crítica ao formalismo e ao mercado da arte;
  • Crítica ao materialismo e ao consumo;
  • Oposição ao hermetismo da arte minimalista;
  • Popularização da arte como veículo de comunicação;
  • Arte mental e reflexiva;
  • Radicalismo e culto à anti arte;
  • Ruptura com a arte clássica e formal;
  • Uso de fotografias, textos, vídeos, instalações, performances (teatro, dança).

 

O artista recifense Paulo Bruscky em performance conceitual de 1978

 No mundo, os principais representantes da arte conceitual foram:

  • Marcel Duchamp (1887-1968)
  • Joseph Beuys (1921-1986)
  • Joseph Kosuth (1945)
  • Daniel Buren (1938)
  • John Cage (1912-1992)
  • Nam June Paik (1932-2006)
  • Wolf Vostell (1932-1998)
  • Yoko Ono (1933)
  • Lawrence Weiner (1942)
  • Robert Barry (1936)
  • Keith Arnatt (1930-2008)
  • Robert Rauschenberg (1925-2008)
  • Charlotte Moorman (1933-1991)
  • Sol LeWitt (1928-2007)
  • Genco Gulan (1969)

No Brasil, alguns artistas conceituais que merecem destaque foram:

  • Cildo Meireles (1948): artista plástico
  • Artur Barrio (1945): artista plástico luso-brasileiro
  • Carlos Fajardo (1941): artista multimídia
  • José de Moura Resende Filho (1945): escultor e arquiteto
  • Mira Schendel (1919-1988): artista suíça radicada no Brasil
  • Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão “Tunga” (1952-2016): ator performance, escultor e desenhista
  • Waltércio Caldas (1946): artista gráfico, escultor e desenhista

 Essa proposta de arte mais reflexiva atingiu o país a partir de 1970

[ Arte Povera ]

A arte povera foi uma corrente artística surgida na Itália nos anos 60 que se esforçava em produzir arte com materiais acessíveis, "pobres" e rústicos, a fim de criar uma nova estética.

A intenção dos artistas era fazer críticas ao consumismo, indústria e sistema capitalista, fomentando questionamentos sobre os objetos artísticos com materiais simples e efêmeros.

Obra Escultura viva (1966), de Marisa Merz, única mulher do movimento povera
 

Ao lado do Futurismo, a Arte Povera foi uma das mais importantes correntes artísticas italianas do século XX. 

Entre as principais características do movimento, destacamos:

  • Crítica à sociedade de consumo, capitalismo e processos industriais;
  • Crítica à comercialização do objeto artístico;
  • Oposição ao modernismo, pop art, racionalismo científico e minimalismo;
  • Arte antiformalista que se aproxima de algumas vanguardas europeias, tais quais o surrealismo e dadaísmo;
  • Utilização de materiais simples e naturais (sucatas, papel, vegetal, terra, metal, comida, sementes, areia, pedra, tecido, etc.);
  • Criatividade e espontaneidade;
  • Efemeridade e materialidade da arte;
  • Valores pobres e marginais;
  • Contraste do “novo” e do “velho”;
  • Temáticas da natureza e do cotidiano.
Venus dos Trapos - Michelangelo Pistoletto - 1967, considerada um emblema do movimento.
 

Os principais representantes da Arte Povera foram:

  • Giovanni Anselmo (1934): escultor italiano e um dos principais representantes do movimento na Itália, sendo autor de obras como: Specchio (1968), Torsione (1968) e Infinito (1971).
  • Mario Merz (1925-2003): artista italiano muito famoso pelos seus “iglus”, com destaque para a escultura Iglu de Giap (1968) e o Iglu de Pedra (1982).
  • Marisa Merz (1926-2019): escultora italiana e mulher do artista Mario Merz, também foi destaque com obras da arte povera: Escultura Viva (1966), Sem Título (1966) e Fontana (2007).
  • Michelangelo Pistoletto (1933): pintor e escultor italiano, considerado um dos protagonistas do movimento de arte povera com destaque para obras de escultura, pintura, instalação e performance: Vênus dos trapos (1967), Orquestra de trapos (1968), Pequeno Monumento (1968).
  • Jannis Kounellis (1936): pintor grego, famoso por suas instalações com elementos vivos (vegetais ou animais) da qual se destaca a Margarida com fogo, produzida em 1967; e a instalação realizada em 1969, com doze cavalos que circulavam livremente na sala de exposições da galeria Attico em Roma.

"Iglu", obra do artista italiano Mario Merz, Turim, Itália

[ Perfomance na Arte ]

A arte da performance foi também uma manifestação que originou-se na década de 60 como consequência das experimentações de artistas diversos, como os do movimento Fluxus, por exemplo.

Nessa linguagem, geralmente mesclada a outras formas de expressão, o artista se utiliza do seu próprio corpo como material e suporte para a realização do trabalho.

 

I like America and America likes me (1974), de Joseph Beuys, é uma performance em que o artista fica dias em uma sala com um coiote selvagem
 

A performance seria quando o artista apresenta uma cena em que normalmente utiliza seu corpo como suporte enquanto os expectadores observam; já no happening o público costuma participar também da ação.

Etimologicamente, a palavra performance deriva do francês antigo parformance, e significa "dar forma", "fazer".

 Caracteristicas que destacamos na Perfomance:

  • Linguagem híbrida: mistura elementos do teatro, artes visuais, instalação, música, entre outros;
  • Não tem lugar "apropriado" para acontecer: pode ocorrer tanto em museus, galerias e instituições, quanto em ambiente urbano e/ou público;
  • Registros da ação podem ocorrer por meio de fotografias e vídeos, mas o caráter da obra é efêmero, passageiro;
  • Corpo como instrumento de ação artística.

Rest Energy (1980), famosa performance de Marina Abramović e Ulay
 

Na década de 60, surge na Alemanha o movimento Fluxus, que inicia proposições performáticas inovadoras. Muitos artistas importantes de diversas partes do mundo fizeram parte do movimento, alguns deles são:

  • Joseph Beuys (1921-1986) - alemão
  • Wolf Vostell (1932-1998) - alemão
  • Nam June Paik (1932-2006) - sul-coreano
  • Yoko Ono (1933) - japonesa
  • Marina Abramović (1946) - sérvia
  • Chris Burden (1946-2015) - americano
  • Ana Mendieta (1948-1985) - cubana
  • Valie Export (1940) - austríaca

Vamos dar uma espiada em um pequeno pedaço da Perfomance "Cut Piece - 1965", de Yoko Ono.

 

[ A Perfomance no Brasil ] 

No Brasil, já na década de 30 a arte da performance dava sinais. Isso por conta de Flávio de Carvalho (1899-1973), precursor do movimento e integrante do modernismo brasileiro.

New Look (1956), performance de Flávio de Carvalho causou espanto, pois o artista usava roupa "feminina" publicamente

Mais tarde, com o Grupo Rex (1966-1967), os artistas Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) realizam diversas ações artísticas, dentre elas, performances.

Há ainda outros nomes no Brasil, como Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945), Frederico Nasser (1945), além de Hélio Oiticica (1937-1980).

... pra encerrar por hoje, vamos ver um pouquinho do trabalho de Hélio Oiticica!

ATIVIDADES:

1. O que você consegue descrever de "particularidades" entre os movimentos contemporâneos visto nesta aula? Possuem interesses próprios, em comum? Quais?

2. Após assistir ambos os vídeos aqui dispostos, conte-nos um pouco de suas impressões em relação aos trabalhos. O que você descreveria de interessante, curioso, desinteressante, estranho?

Entrega para dia 01/09/2020

Semana que vem temos a parte III !!
E por hoje é só pessoal !

Bjo pro'cês...
[rafa.]