O TEATRO BRASILEIRO
O teatro brasileiro surgiu quando Portugal começou a fazer do Brasil sua
colônia (Século XVI). Os Jesuítas, com o intuito de catequizar os
índios, trouxeram não só a nova religião católica, mas também uma
cultura diferente, em que se incluía a literatura e o teatro. Aliada aos
rituais festivos e danças indígenas, a primeira forma de teatro que os
brasileiros conheceram foi a dos portugueses, que tinha um caráter
pedagógico baseado na Bíblia. Nessa época, o maior responsável pelo
ensinamento do teatro, bem como pela autoria das peças, foi Padre
Anchieta.
O teatro realmente nacional só veio se estabilizar em meados do século
XIX, quando o Romantismo teve seu início. Martins Pena foi um dos
responsáveis pôr isso, através de suas comédias de costumes. Outros
nomes de destaque da época foram: o dramaturgo Artur Azevedo, o ator e
empresário teatral João Caetano e, na literatura, o escritor Machado de
Assis.
1.1 Teatro dos Jesuítas (séc. XVI)
Nos primeiros anos da colonização, os padres da chamada Companhia de
Jesus (Jesuítas), que vieram para o Brasil, tinham como principal
objetivo a catequese dos índios. Eles encontraram nas tribos brasileiras
uma inclinação natural para a música, a dança e a oratória. Ou seja:
tendências positivas para o desenvolvimento do teatro, que passou a ser
usado como instrumento de "civilização" e de educação religiosa, além de
diversão. O teatro, pelo "fascínio" da imagem representativa, era muito
mais eficaz do que um sermão, pôr exemplo.
As primeiras peças foram, então, escritas pelos Jesuítas, que se
utilizavam de elementos da cultura indígena (a começar pelo caráter de
"sagrado" que o índio já tinha absorvido em sua cultura), até porque era
preciso "tocar" o índio, falando de coisas que ele conhecia. Misturados
a esses elementos, estavam os dogmas da Igreja Católica, para que o
objetivo da Companhia - a catequese - não se perdesse.
As peças eram escritas em tupi, português ou espanhol (isso se deu até
1584, quando então "chegou" o latim). Nelas, os personagens eram santos,
demônios, imperadores e, pôr vezes, representavam apenas simbolismos,
como o Amor ou o Temor a Deus. Com a catequese, o teatro acabou se
tornando matéria obrigatória para os estudantes da área de Humanas, nos
colégios da Companhia de Jesus. No entanto, os personagens femininos
eram proibidos (com exceção das Santas), para se evitar uma certa
"empolgação" nos jovens.
Os atores, nessa época, eram os índios domesticados, os futuros padres,
os brancos e os mamelucos. Todos amadores, que atuavam de improviso nas
peças apresentadas nas Igrejas, nas praças e nos colégios. No que diz
respeito aos autores, o nome de mais destaque da época é o de Padre Anchieta . É dele a autoria de
Auto de Pregação Universal, escrito entre 1567 e 1570, e representado em
diversos locais do Brasil, pôr vários anos.
Outro auto de Anchieta é Na festa de São Loureço, também conhecido como
Mistério de Jesus. Os autos sacramentais, que continham caráter
dramático, eram preferidos às comédias e tragédias, porque eram neles
que estavam impregnadas as características da catequese. Eles tinham
sempre um fundo religioso, moral e didático, e eram repletos de
personagens alegóricos.
Além dos autos, outros "estilos teatrais" introduzidos pelos Jesuítas
foram o presépio, que passou a ser incorporado nas festas folclóricas, e
os pastoris.
1.2 Declínio do Teatro Jesuíta (Séc. XVII)
No século XVII, as representações de peças escritas pelos Jesuítas -
pelo menos aquelas com a clara finalidade de catequese- começaram a
ficar cada vez mais escassas. Este período, em que a obra missionária já
estava praticamente consolidada, é inclusive chamado de Declínio do
Teatro dos Jesuítas. No entanto, outros tipos de atividades teatrais
também eram escassos, pôr conta deste século constituir um tempo de
crise. As encenações existiam, fossem elas prejudicadas ou inspiradas
pelas lutas da época (como pôr exemplo, as lutas contra os holandeses).
Mas dependiam de ocasiões como festas religiosas ou cívicas para que
fossem realizadas.
Das peças encenadas na época, podemos destacar as comédias apresentadas
nos eventos de aclamação a D. João IV, em 1641, e as encenações
promovidas pelos franciscanos do Convento de Santo Antônio, no Rio de
Janeiro, com a finalidade de distrair a comunidade. Também se realizaram
representações teatrais pôr conta das festas de instalação da província
franciscana da Imaculada Conceição, em 1678, no Rio.
O que podemos notar neste século é a repercussão do teatro espanhol em
nosso país, e a existência de um nome - ligado ao teatro - de destaque:
Manuel Botelho de Oliveira (Bahia, 1636-1711). Ele foi o primeiro poeta
brasileiro a ter suas obras publicadas, tendo escrito duas comédias em
espanhol (Hay amigo para amigo e Amor, Engaños y Celos).
1.3 O Teatro e o Brasil do Século XVIII
Foi somente na segunda metade do século XVIII que as peças teatrais
passaram a ser apresentadas com uma certa frequência. Palcos (tablados)
montados em praças públicas eram os locais das representações. Assim
como as igrejas e, pôr vezes, o palácio de um ou outro governante. Nessa
época, era forte a característica educacional do teatro. E uma
atividade tão instrutiva acabou pôr merecer ser presenteada com locais
fixos para as peças: as chamadas Casas da Ópera ou Casas da Comédia, que
começaram a se espalhar pelo país.
A Intriga - James Ensor - 1890 |
Em seguida à fixação dos locais "de teatro", e em consequência disso,
surgiram as primeiras companhias teatrais. Os atores eram contratados
para fazer um determinado número de apresentações nas Casas da Ópera,
durante todo o ano, ou apenas pôr alguns meses. Sendo assim, com os
locais e elencos fixos, a atividade teatral do século XVIII começou a
ser mais contínua o que em épocas anteriores. No século XVIII e início
do XIX, os atores eram pessoas das classes mais baixas, em sua maioria
mulatos. Havia um preconceito contra a atividade, chegando inclusive a
ser proibida a participação de mulheres nos elencos. Dessa forma, eram
os próprios homens que representavam os papéis femininos, passando a ser
chamados de "travestis". Mesmo quando a presença de atrizes já havia
sido "liberada", a má fama da classe de artistas, bem como a reclusão
das mulheres na sociedade da época, as afastava dos palcos.
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Molière |
Quanto ao repertório, destaca-se a grande influência estrangeira no
teatro brasileiro dessa época. Dentre nomes mais citados estavam os de
Molière, Voltaire, Maffei, Goldoni e Metastásio. Apesar da maior
influência estrangeira, alguns nomes nacionais também merecem ser
lembrados. São eles: Luís Alves Pinto, que escreveu a comédia em verso
Amor Mal Correspondido, Alexandre de Gusmão, que traduziu a comédia
francesa O Marido Confundido, Cláudio Manuel da Costa, que escreveu O
Parnaso Obsequioso e outros poemas representados em todo o país, e
Inácio José de Alvarenga Peixoto, autor do drama Enéias no Lácio.
1.4. Século XIX Transição para o Teatro Nacional
A vinda da família real para o Brasil, em 1808, trouxe uma série de
melhorias para o Brasil. Uma delas foi direcionada ao teatro. D. João
VI, no decreto de 28 de maio de 1810, reconhecia a necessidade da
construção de "teatros decentes".
Na verdade, o decreto representou um estímulo para a inauguração de
vários teatros. As companhias teatrais, pôr vezes de canto e/ou dança
(bailado), passaram a tomar conta dos teatros, trazendo com elas um
público cada vez maior. A primeira delas, realmente brasileira, estreou
em 1833, em Niterói, dirigida pôr João Caetano, com o drama O Príncipe
Amante da Liberdade ou A Independência da Escócia. Uma consequência da
estabilidade que iam ganhando as companhias dramáticas foi o
crescimento, paralelo, do amadorismo.
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Theatro João Caetano - Rio de Janeiro |
A agitação que antecipou a Independência do Brasil foi refletida no
teatro. As plateias eram muito agressivas, aproveitavam as encenações
para promover manifestações, com direito a gritos que exaltavam a
República. No entanto, toda esta "bagunça" representou uma preparação do
espírito das pessoas, e também do teatro, para a existência de uma
nação livre. Eram os primórdios da fundação do teatro - e de uma vida -
realmente nacional. Até porque, em consequência do nacionalismo
exacerbado do público, os atores estrangeiros começaram a ser
substituídos pôr nacionais.
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João Caetano |
Ao contrário desse quadro, o respeito tomava conta do público quando D.Pedro estava presente no teatro ( fato que acontecia em épocas e lugares que viviam condições "normais", isto é, onde e quando não havia este tipo de manifestação). Nestas ocasiões, era mais interessante se admirar os espectadores - principalmente as senhoras ricamente vestidas - do que os atores. Além do luxo, podia se notar o preconceito contra os negros, que não compareciam aos teatros. Já os atores eram quase todos mulatos, mas cobriam os rostos com maquiagem branca e vermelha.
1.5 Época Romantica (Séc. XIX)
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Joaquim Manuel de Macedo |
A tragédia Antônio José ou O poeta e a inquisição escrita pôr Gonçalves de Magalhães (1811-1882) e levada à cena pôr João Caetano (1808-1863), a 13 de março de 1838, no teatro Constitucional Fluminense, foi o primeiro passo para a implantação de um teatro considerado brasileiro.
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Martins Pena |
No mesmo ano, a 4 de outubro, foi representada pela primeira vez a comédia O juiz de paz da roça, de Martins Pena (1815-1848), também no teatro Constitucional Fluminense pela mesma companhia de João Caetano. A peça foi o pontapé inicial para a consolidação da comédia de costumes como gênero preferido do público. As peças de Martins Pena estavam integradas ao Romantismo, portanto, eram bem recebidas pelo público, cansado do formalismo clássico anterior. O autor é considerado o verdadeiro fundador do teatro nacional, pela quantidade - em quase dez anos, escreveu 28 peças - e qualidade de sua produção. Sua obra, pela grande popularidade que atingiu, foi muito importante para a consolidação do teatro no Brasil.
ATIVIDADE:
Olá pessoas!
Nesta introdução sobre o teatro chegando ao Brasil, teremos apenas uma atividade.
1. Entregar pesquisa escrita sobre vida e obra (teatral) de Martins Pena.
- Quais suas obras? Suas representações, contextos?
Entrega para 26/06
Semana quem vem tem a parte II do teatro no Brasil ! ;)
...e por hoje é só!
Bjo pro'cês....
[rafa.]
Fontes:
EmCena e Uniso
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